"Do lixo à UFES"
Estudar em livros didáticos resgatados do lixo. O que isso revela de uma sociedade? E obter informações sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) em cartaz jogado fora? Ercília Stanciany (41 anos), catando lixo, recebeu a atenção de agentes de políticas públicas? Ofertaram-se projetos de governo, mas os pessoais muitas vezes não conhecidos ou potencializados. Inclusive podem ser contidos. Estudar na UFES sendo uma catadora? Como? Por que não só uma "bolsa"?
O que Ercília nos revela com seus atos sublimes? A superação das adversidades. E, por isso, encanta. Não faltaram desejos adiados. Conseguiu uma caixa de lápis de cor aos 19 anos. A pertinência no sonho de estudar - apesar do bloqueio do pai - transformou lixo em não lixo. Livros e informações foram pinçadas como "tesouros", abrandando a sua extenuante faina diária. Outras pessoas, e não são poucas, em melhores condições, mantêm no lixo a possibilidade de estudar.
Não sei como Ercília se informou e optou pelas cotas sociais da UFES. Deve ter influenciado a sua decisão de fazer vestibular em Artes Plásticas. Em sociedades desiguais, o enlace entre o esforço pessoal e uma política de democratização do acesso aos bens promovem revoluções na vida - o que abrange outros casos "desconhecidos".
Porém, não é só a cota. A sua preocupação de "ter que pagar materiais de estudo e transporte" pode ser atendida e ampliada pelos 14 "auxílios" da UFES que a ajudarão a permanecer e a se dedicar ao curso tão almejado. Ele é um dos mais dispensiosos no uso de materiais. Um desses "auxílios" é o de "material de consumo", o mais acessado, seguido por alimentação e transporte.
A determinação e a preparação (adversa) de Ercília são de tal magnitude que, independentemente das cotas, ela teria passado. O seu empenho não só fica ainda mais engrandecido, como o seu exemplo merece e precisa contagiar a rede pública.
Das vagas oferecidas pela UFES aos cotistas sociais, 43% sobraram em 2012. Por quê? O caminho preferido tem sido o Prouni - faculdades particulares? O percentual de cotas na UFES está elevado ou ainda é precário o conhecimento e a estima dos estudantes de escolas públicas para ousar ocupar as vagas?
Na UFES, Ercília nos dará outra lição para evitar qualquer discriminação: "Eu não quero ser o xodó dos meus colegas, mas quero fazer parte da história deles, porque eles com certeza vão fazer parte da minha". Que essa história passe a ser pintada com toda arte!
Roberto Garcia Simões
Jornal A Gazeta, terça-feira, 13 de março de 2012
Com base no texto acima, produza um texto dissertativo, com no mínimo 25 linhas, onde fique explícita a sua opinião sobre a seguinte questão:
"Por que grande parte dos estudantes de escolas públicas não almejam as vagas das universidades federais?"
Observações
- Fique atento as características de um texto dissertativo;
- Os textos deveram ser manuscritos á caneta azul ou preta;
- Valor: 3,0 pontos;
- Prazo de entrega:
3º A Matutino: 03 de abril
3º B Matutino: 02 de abril
3º Único Vespertino: 04 de abril
